Maconha: entenda o possível estouro da bolha da cannabis nos EUA.
A Anvisa liberou na terça-feira 3 de dezembro o registro e a comercialização de remédios a base de cannabis (a famosa Maconha). Uma decisão que, poderia abrir o caminho para a legalização da maconha no Brasil. Entretanto, a agência governamental rejeitou o plantio da erva no País. Impedindo, dessa forma, o surgimento de um mercado brasileiro legal da maconha. Mas como evoluiu o mercado da maconha em outros países onde a droga já foi liberalizada? Nos Estados Unidos, após um crescimento registrado em 2018 as empresas que comercializam maconha estão enfrentando sérias dificuldades. Tanto que muitos analistas já estão falando do estouro de uma verdadeira “bolha da maconha“. Entendendo a Bolha da Maconha A aposta no negócio legal de cannabis tem sido uma das maiores dos últimos anos. Nos últimos 5 anos, a maconha para uso terapêutico foi legalizada em 33 estados dos EUA e seu uso recreativo em 11 estados. Em 2018, a legalização total foi aprovada no Canadá. O marco legal gerou uma verdadeira corrida dos consumidores para os produtos a base da erva. As empresas produtoras e comercializadoras de produtos derivados da maconha cresceram tanto que logo abriram seu capital na Bolsa de Valores de Nova York. O interesse dos investidores levou para uma enorme alta no valor dos “cannstocks”, como são apelidadas as ações das companhias do setor. Saiba mais: Ex-banqueiro se torna bilionário graças a boom da maconha nos EUA Um movimento que gerou uma verdadeira bolha acionária, com o valor dos papéis que chegou a 64 vezes o faturamento e que superaram 10 vezes o patrimônio das empresas. Entretanto, agora a bolha parece ter começado a estourar. Segundo a Standard and Poor’s Market Intelligence, o valor das ações das 50 maiores empresas do setor da maconha caiu em média mais de 66% desde o pico registrado no dia 19 de setembro de 2018. Ao todo foram “queimados” US$ 30 bilhões (cerca de R$ 150 bilhões) de capitalização. A reviravolta atingiu, por exemplo, a canadense Tilray. Em setembro de 2018, quando as ações relacionadas à maconha estavam passando por um boom, o valor da empresa havia registrado um salto de 900%. A capitalização total chegou a US$ 20 bilhões. As ações alcançaram US$ 150, mas acabaram perdendo 90% em cerca de um ano. Hoje valem US$ 20. Outro exemplo é a Aurora Cannabis, que chegou a valer US$ 8 bilhões, mas que agora vale apenas US$ 2,7 bilhões. O que fez acelerar o colapso repentino também foi o “efeito manada“, uma vez que os maiores investidores de empresas do setor da maconha são pessoas físicas que, diferentemente de fundos de private equity (que pode se dar ao luxo de manter ações por um período mais longo, mesmo com perdas) tornam as ações mais voláteis. Mercado da maconha no Brasil? Permanece a dúvida se, no Brasil, após a decisão da Anvisa, surgirá também um mercado legal da maconha. E se, no caso, assistiremos por aqui também. No mercado financeiro os investidores brasileiros já estão procurando oportunidades ligadas ao mercado da droga. Em outubro a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) aprovou o primeiro fundo temático de cannabis. O fundo VitreoCanabidiol FIA IE é gerido pela Vitreo e investirá em mais de 80 empresas internacionais que trabalham na indústria de maconha. Em meados de novembro surgiu o Canabidiol Light, que dividiu 20% da sua carteira em investimentos no fundo original e os 80% restantes em títulos de renda fixa pós-fixados. Ambos os fundos tem como objetivo captar R$ 100 milhões.